segunda-feira, 21 de maio de 2012

Atire a Primeira Flor



Quando tudo parecer caminhar errado, seja você a tentar o primeiro passo certo.
Se tudo parecer escuro, se nada puder ser visto, acenda você a primeira luz, traga para as trevas, você primeiro, a pequena lâmpada.
Quando todos estiverem chorando, tente você o primeiro sorriso. Talvez não na forma de lábios sorridentes, mas na de um coração que compreenda, de braços que confortem.
Se a vida inteira for um imenso não, não pare você na busca do primeiro sim, ao qual tudo de positivo deverá seguir-se.
Quando ninguém souber coisa alguma, e você souber um pouquinho, seja o primeiro a ensinar, começando por aprender você mesmo, corrigindo-se a si mesmo.
Quando alguém estiver angustiado à procura, consulte bem o que se passa, talvez seja em busca de você mesmo que este seu irmão esteja. Daí, portanto, o seu deve ser o primeiro a aparecer, o primeiro a mostrar-se,
primeiro que pode ser o único e, mais sério ainda, talvez o último.
Quando a terra estiver seca, que sua mão seja a primeira a regá-la.
Quando a flor se sufocar na urze e no espinho, que sua mão seja a primeira a separar o joio, a arrancar a praga, a afagar a pétala, a acariciar a flor.
Se a porta estiver fechada, de você venha a primeira chave.
Se o vento sopra frio, que o calor de sua lareira seja a primeira proteção e primeiro abrigo.
Se o pão for apenas massa e não estiver cozido, seja você o primeiro forno para transformá-lo em alimento.
Não atire a primeira pedra em quem erra de acusadores o mundo está cheio; nem, por outro lado, aplauda o erro, dentro em pouco, a ovação será ensurdecedora.
Ofereça sua mão primeiro para levantar quem caiu, sua atenção primeiro para aquele que foi esquecido, seja você o primeiro para aquele que não tem ninguém.
Quando tudo for espinho, atire a primeira flor, seja o primeiro a mostrar que há caminho de volta compreendendo que o perdão regenera, que a compreensão edifica, que o auxílio possibilita, que o entendimento reconstrói.
Atire você, quando tudo for pedra, a primeira e decisiva flor.

Por Glácia Daibert

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